Tauromaquia e tourada

Ó toiro Lindo

Mara Domingues29 Jan 2020
O duelo que se gera na praça move multidões. De um lado a bravura do animal, que se torna imponente e que não desiste da luta. E do outro, o homem, com a sua coragem, atrevimento e movimentos inteligentes e ponderados.
A tourada assenta a sua ética nestes dois pólos distintos e opostos. Mas que em conjunto criam espetáculo como se de uma dança se tratasse.
 
Tauromaquia e tourada
 
Estes dois conceitos estão interligados, no entanto, têm definições distintas.
A tauromaquia é o nome que se dá à arte de encarar e lidar toiros bravos. Esta atividade está ligada à História de Portugal desde os seus primórdios.
Em 1139, D. Afonso Henriques, decidiu comemorar a vitória em Ourique com uma largada de toiros em Coimbra. 
No entanto, a primeira referência à tauromaquia em Portugal, está registada nas Inquirições de D. Afonso III. Em 1258, o nosso rei D. Sancho II, promoveu a matança de toiros com uma lança.
 
A tourada ou a corrida de touros como também é conhecida, é uma das expressões da tauromaquia. Trata-se de uma forma de arte performativa e cultural onde o homem, coloca a sua vida em risco, lidando toiros bravos. 
Mas, atenção, não penses que é entrar na praça de toiros à maluca e espetares-te em frente ao toiro.
Existem regras, procedimentos, questões éticas sobre as quais o cavaleiro ou forcado tem de agir.

Em Portugal, as Corridas de Toiros à Portuguesa, têm como intervenientes os Cavaleiros e os Forcados. Porém, existem outro tipo de corridas, nas quais participam mais protagonistas, como os novilheiros ou os matadores.

No entanto, se o espetáculo for com jovens que ainda não atingiram o patamar máximo das suas carreiras, ganha o nome de Novilhadas. Para ser uma Tourada, os participantes têm de ter tirado a alternativa, a cerimónia que ocorre na promeira grande corrida e que os eleva à categoria mais elevada de toureiro.
 
Os protagonistas
 
O toiro bravo
 
Não é qualquer raça de toiro que entra numa corrida de toiros. O toiro bravo, da raça Bos Taurus, é descendente de um animal primitivo que vivia nos bosques europeus, africanos e asiáticos.
Estes seus tretavós, já possuíam um grande porte e um comportamento de agressividade a que ainda hoje assistimos na tourada.
 
Esta raça de touro, já teria entrado em extinção se não fosse a tauromaquia, uma vez que em todos os países onde a tourada não é praticada, esta raça entrou em extinção.
 
Uma vez que este duelo é de igual para igual e que o toiro tem na sua genética, a agressividade e a capacidade de combate, os animais que vão para a lide são bem selecionados e ao longo dos tempos a sua fisiologia tem se vindo a adaptar a este tipo de arte. 
 
Cavaleiro
 
Uma das coisas mais elogiadas e apreciadas num espetáculo são as vestes dos Cavaleiros. O chamado traje à Frederica, remonta ao século XVIII. 
Desde esse tempo, que estes toureiros se tornaram profissionais e cobravam dinheiro por cada corrida de touros.
Para lidar o toiro bravo, o cavaleiro utiliza bandarilhas e farpas.
 
Forcado
 
Como já deves ter assistido, no final de cada lide entra um grupo de 8 homens, vestidos todos de igual.
Deste grupo, há um valente, o cabo que se chega à frente e vai chamando o toiro, de modo a que este invista sobre o grupo. O cernelheiro, o rabejador, os caras e os ajudas são os outros elementos que compõem o grupo de forcados.
E porquê o nome de forcado para esta função? 
A inspiração vem de uma vara de madeira com 1,60m, que tem num das pontas uma forquilha de metal amarelo, cujo o nome é Forcado.
 
Campinos
 
O Campino-chefe é o responsável por acompanhar os toiros quando entram na praça. No final da pega dos forcados, os campinos voltam a entrar para recolher o animal.
 
Cornetim
 
O famoso som da corneta que se escuta numa praça de toiros durante a corrida, é indicador de algumas das ordens que os artistas da tourada deverão executar. Cornetim é o nome que se dá a este senhor.
 
Outros personagens
 
Uma corrida de toiros envolve um rol de profissionais, uma média 175 pessoas, que muitas vezes não damos por eles, mas que são absolutamente indispensáveis para que o espetáculo ocorra.
 
O Diretor da corrida, responsável pela direção da corrida, o Médico Veterinário para assegurar o bem-estar dos touros, são alguns deles.
 
Mas ainda temos o Avisador, que serve de interlocutor, o Embolador, que fornece as bandarilhas e embola as hastes.
E claro, como não podia deixar de ser, a Banda de Música, essencial para o espetáculo.
 
Praças de Touros
 
Uma curiosidade que possivelmente não saberás, é que uma grande parte das mais de 70 Praças de Touros fixas em Portugal, pertencem às Santas Casas da Misericórdia ou a Instituições Públicas de Solidariedade Social. 
Por isso, uma boa fatia das receitas oriundas das Corridas, vão para apoiar estas instituições.
 
Ao longo de todo o ano, são organizados pelo menos 25 festivais taurinos de beneficência com o objetivo de ajudar quem precisa como por exemplo corporações de Bombeiros, associações de apoio aos mais carenciados, etc…
 
Por estas Praças passam, anualmente, cerca de 500.000 espectadores divididos por cerca de 200/250 corridas.
A afluência é grande por todo o país, no entanto é no Alentejo, no Algarve e na Região Norte onde se realizam mais Corridas de Toiros. 
Autor
O meu nome é Mara, muitas vezes confundido com Maria, Marta ou até mesmo Lara. E onde entra a escrita na minha vida? Está comigo desde sempre. A satisfação de dar azo à imaginação e deixar fluir as letras é o que me realiza. Fui-me provendo de ferramentas que me permitam ser uma profissional cada vez melhor. Hoje tenho a sorte de criar conteúdos para algumas empresas subordinados a várias temáticas e comunicações internas. No entanto, redação de textos de ficção, transcrições, pesquisa para livros e ghost writing também fazem parte do meu dia.
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